
Luís de Camões nasce quando passam pouco mais de vinte anos do momento em que a frota de Vasco da Gama abre a primeira Rota que une os dois oceanos, o Atlântico e o Indico, em direcção à Índia e que o imortal poeta da Epopeia de “Os Lusíadas” celebrará, como nos diz Óscar Lopes, como símbolo do começo desta fase de inter-relação transoceânica e omnicontinental.
Pensei que poderia ser útil para o nosso debate, antes de quaisqueroutras considerações sobre a obra de Camões, como poeta do povo e da pátria e que, com muito mais propriedade, nos falará Carina Infante do Carmo, trazer a traço largo esse mundo que a consigna das Comemorações do V Centenário do nosso poeta, promovidas pelo PCP, afirma ser um “mundo em mudança”.
Útil, pensamos, desde logo, porque são variadas as perspectivas e leituras que se apresentam visando situar o mundo desse tempo de grandes mudanças e também de grandes contradições que a obra de Camões vai reflectir, nomeadamente trazendo o que uma certa historiografia anglo-americana revisionista da história hoje omite e desvaloriza quando não estigmatiza o passo dado pelas navegações portuguesas e evidenciar o que o nacionalismo ultramontano e fascista ocultou e manipulou, durante 48 anos, em Portugal – o colonialismo com toda sua violência.